Pedais de Efeito (ART1866)
- Escrito por Newton C Braga
Muitos leitores que tocam algum instrumento, ou fazem parte de conjuntos musicais, gostariam de montar seus próprios pedais de efeitos, ou mesmo caixas com efeitos especiais. Muitos desses projetos são simples, e não valem o preço que se cobra por um equipamento pronto. Assim, o leitor que tem alguma habilidade na eletrônica, pode ter como vantagem a possibilidade de montar seu próprio efeito eletrônico. Neste artigo descrevemos três efeitos e nada impede que o leitor, use os três com seu instrumentos ou conjunto musical.
Os instrumentos musicais como violões, guitarras, baixos, cavaquinhos, possuem timbres bem definidos, ou seja, as formas de onda das notas que produzem, estão determinadas pelo tipo de construção, material e dimensões, não podendo em princípio ser modificados na origem.
No entanto, como em muitos casos tais instrumentos são ligados a amplificadores e, portanto, passamos a ter sinais elétricos em lugar de acústico, as modificações se tornam possíveis, e isso é que torna muito mais ricos em possibilidades, aos conjuntos que fazem uso de recursos eletrônicos.
Se o leitor possui um instrumento musical que utiliza com um amplificador, a modificação do timbre com o acréscimo de efeitos é simples, e neste artigo damos três possibilidades.
Fuzz-Booster
O primeiro 'projeto é de um “deformador” de sinais, que modifica radicalmente o timbre, principalmente de instrumentos de corda, pela alteração da forma de onda do sinal, conforme mostra a figura 1.
Como o fuzz também amplifica o sinal, o denominamos de “booster”, e ele consiste numa etapa amplificadora, que introduz propositalmente uma deformação ou distorção do sinal. O fuzz-booster também é conhecido como distorcedor.
O fuzz-booster é intercalado entre a guitarra e o amplificador, e “disparado"por meio de um pedal, atuando pois, somente como certas notas.
Uáu-Uáu
Também chamado de Uá-Uá ou Wah-Wah, trata-se de um modulador que faz com que a intensidade de uma nota, sofra variações controladas por meio de um pedal.
Pela ação do pedal, a nota musical sofre uma modulação em amplitude, que pode então ser percebida como se o som fosse o mesmo que dá nome ao efeito, ou seja, um Uáu-Uáu.
Este instrumento é intercalado entre o instrumento musical e o amplificador.
Trêmulo
Nosso terceiro Projeto é de um trêmulo, que conforme o nome diz, torna o som “tremido" por meio de uma modulação em amplitude. Devemos diferenciar o trêmulo do vibrato, que provoca uma modulação em frequência, como na guitarra havaiana.
O trêmulo nada mais é do que um oscilador rápido, que controla o ganho de uma etapa amplificadora, por onde passa o sinal do instrumento. O disparo desse circuito, pode ser feito tanto por meio de um pedal, como por meio de uma simples chavinha.
Todos os projetos são simples, e podem ser construído com material facilmente encontrado no comércio especializado.
PROJETO 1 - FUZZ-BOOSTER (Distorcedor)
Este projeto provoca uma distorção dos sinais, alterando assim o timbre das notas.
Nosso circuito usa apenas um integrado 741, de fácil obtenção e é alimentado por uma bateria de 9 V.
Para o caso de conjuntos, em que temos a operação por longos períodos, a alimentação pode ser feita por 6 pilhas pequenas, o que garantirá uma autonomia muito maior de funcionamento.
Características
Tensão de alimentação: 9 V
Ganho: 1 000 vezes
Corrente de consumo: 5 mA (tip)
COMO FUNCIONA
O amplificador operacional 741 tem seu ganho determinado pela relação de valores entre R¡ e R1. Como temos um ganho elevado, o sinal de entrada "satura" o circuito, e o resultado é um corte ou “clipagem" que acaba por deformá-lo, causando assim a alteração desejada de timbre.
Isso é mostrado na figura 2.
Uma idéia para os leitores que desejarem ir além, consiste em trocar o resistor fixo R2 por um potenciômetro de mesmo valor, e assim obter a regulagem do corte.
Esta regulagem já é feita de certa forma por P1, enquanto que P2 controla a excitação do amplificador, conforme suas características.
A chave S1 pode ser agregada ao pedal, sendo que na posição normal o sinal passa “direto" para o amplificador, sem distorções, e na posição acionada ela faz com que o sinal passe pelo distorcedor, antes de aparecer na saída.
MONTAGEM
Na figura 3 temos o diagrama completo deste primeiro projeto.
A disposição dos componentes numa placa de circuito impresso é mostrada na figura 4.
O circuito 741, deve ser instalado em soquete para maior segurança. Como se trata de circuito de grande amplificação, e portanto sujeito a captação de roncos, as entradas de sinal devem der feitos com fio blindados e as malhas desses fios, ligadas à caixa metálica que servirá de blindagem total.
A chave S1 tanto pode ser manual, como pode ser acoplada a um pedal, conforme mostra a figura 5.
Para as entradas e saídas de sinal, devem ser usados jaques apropriados, conforme os cabos disponíveis e os instrumentos usados.
Os resistores são de 1/8 W com 5% ou mais de tolerância e os capacitores de cerâmica ou poliéster. Os potenciômetros podem ser lineares ou logarítmicos.
Para a alimentação use uma bateria de 9 V alcalina, conectando-a ao circuito com a polaridade certa.
PROVA E USO
Para provar o aparelho, basta ligar na entrada o instrumento musical, e a saída do distorcedor à entrada de um amplificador, usando um cabo blindado.
Ajuste o amplificador para o volume normal, e depois ao mesmo tempo em que tocar e acionar S4, ajuste P4 e P2para obter o efeito de distorção desejado.
Comprovado o funcionamento, solte o pedal e ajuste a entrada do amplificador para a reprodução normal.
Volte a apertar o pedal e ajuste P2 para ter o mesmo volume com o pedal acionado. Depois disso é só usar o distorcedor.
Semicondutores:
C14 - 741 – amplificador operacional - circuito integrado
Resistores: (1/8 W, 5%)
R4 - 10 k Ω - marrom, preto, laranja
R2 - 10 M Ω - marrom, preto, azul
R4, R5 - 47 k Ω - amarelo, violeta, laranja
R4 - 100 k Ω - marrom, preto, amarelo
P4 - 470 k Ω - potenciômetro
P2 - 4,7 k Ω - potenciômetro
Capacitores:
C4, C4 - 100 nF - poliéster ou cerâmico
C2 - 47 nF - poliéster ou cerâmico
C3 - 220 nF - poliéster ou cerâmico
Diversos:
S4 - Chave de 2 pólos x 2 posições
S2 - Interruptor simples
J1, J2 - Jaques
B1 - 9 V - Bateria.
Placa de circuito impresso, soquete para o circuito integrado, botões para os potenciômetros, conector de bateria, fios blindados, fios, solda, caixa para montagem, etc.
PROJETO 2 - UÁU-UÁU
Este circuito consiste num oscilador de duplo T acionado por um pedal, e que modula em amplitude o sinal do instrumento musical.
Com apenas um transistor ele é muito simples e não critico, tendo ainda um consumo muito baixo.
Características:
Tensão de alimentação: 9 V
Consumo: 3 mA (tip)
COMO FUNCIONA
A base do circuito e um oscilador de duplo T, em torno de um único transistor de uso geral. Neste oscilador temos um ajuste para que ele opere de modo amortecido feito por P2.
Quando o pedal, P4 é ativado, o oscilador pode ou não entrar em funcionamento, controlando assim a modulação do sinal, quando então o oscilador entra em funcionamento.
A freqüência do oscilador é dada pelos valores de C4, C2, C4, R1, R2 e pelo ajuste de P4.
O sinal entra na base do transistor via C4 e R5, e é retirado de forma modulada via C5 e R4.
A chave S4 permite que o sinal passe “direto", quando desejarmos cancelar o efeito.
O leitor pode alterar os valores dos capacitores de freqüência, mas sempre deve manter a proporção, ou seja, C4deve ser igual a C2, e C4 deve ser o dobro de C4.
MONTAGEM
Na figura 6 temos o diagrama completo do Uáu-Uáu para guitarra, violão e outros instrumentos eletrônicos.
A disposição dos componentes numa pequena placa de circuito impresso, que deve ficar em caixa metálica, é mostrada na figura 7.
Os cabos de entrada e saída de sinais devem ser blindados, e a malha externa ligada ao negativo da fonte, e também a caixa de metal que serve como blindagem adicional, evitando assim da captação de zumbidos.
P1 será acoplado ao pedal de modo a fazer a modulação do sinal, enquanto que S4 serve para desligar o efeito, permitindo a passagem direta do sinal.
Os resistores são todos de 1/8W ou maiores, e os jaques serão escolhidos de acordo com os plugues e cabos dos instrumentos.
Os capacitores podem ser de poliéster, exceto C3 que e um eletrolítico para 12 ou 16 V de tensão de trabalho.
Na figura 8 temos uma sugestão de como acoplar o pedal a P4, que para esta finalidade pode ser do tipo deslizante.
Para a bateria deve ser usado conector apropriado.
PROVA E USO
Para provar o aparelho intercale-o entre o instrumento e a entrada do amplificador. Ligue a alimentação em S2, e abra S1 de modo a ativar o efeito.
Pressione P1, observando que sua resistência deve aumentar quando calcado. O efeito deve ocorrer quando uma nota for tocada.
Solte o pedal e ajuste P2 para que o efeito não ocorra nesta condição.
Comprovando o funcionamento é só usar o aparelho.
Semicondutores:
Q1 - BC548 - transistor NPN de uso geral
Resistores (1/8 W, 5%)
R1, R2, R4, R5, R6, R8 - 47 k Ω amarelo, violeta, laranja
R3 - 47 k Ω - amarelo, violeta, laranja
R7 - 180 k Ω - marrom, cinza, amarelo
P1 - 100 k Ω – potenciômetro deslizante (slide)
P2 - 4,7 k Ω - trimpot
Capacitores
C1, C2- 4,7 nF – poliéster ou cerâmicos
C3 - 47 nF - poliéster ou cerâmico
C4 - 10 nF - poliéster ou cerâmico
C5, C6- 100 nF - Poliéster ou cerâmicos
C7, - 100 µF x 12 V - eletrolítico
Diversos:
S1 - Interruptor simples
S2 - Interruptor simples
JI, 12 - Jaques de entrada e saída
B1 - 9 V - bateria
Placa de circuito impresso, conector de bateria, caixa de metal, fios, solda, etc.
PROJETO 3 - TRÊMULO
Conforme sugere, este “pedal” produz um som tremido ao instrumento musical quando ativado. A profundidade do efeito pode ser controlada por meio de um potenciômetro, e são usados apenas dois transistores no projeto, o que torna muito simples.
Características:
Tensão de alimentação: 9 V
Consumo: 5 mA (tip.)
Freqüência do efeito: 1 Hz (aprox.)
Ganho do circuito: 10 vezes
COMO FUNCIONA
Um oscilador de deslocamento de fase em torno de Q1, produz o sinal modulador de aproximadamente 1 Hz.
A freqüência deste oscilador é dada por Cl, C2 e C3, que podem ser alterados pelo montador. Valores entre 220 nF e 1,5 µF podem ser experimentados.
O ponto de funcionamento deste oscilador que produz um sinal senoidal é ajustado em P1.
A segunda etapa do circuito tem por base Q2, e consiste num amplificador.
O sinal do instrumento musical entra por J1 e é aplicado na base do transistor. O ganho deste transistor, entretanto, sofre influências do sinal do oscilador via emissor.
Esta influência é portanto a profundidade da modulação é ajustada em P2.
O sinal amplificado, com variações de intensidade, é então obtido no coletor do transistor e aplicado a saída via C8.
MONTAGEM
Na figura 9 temos o diagrama completo de nosso terceiro projeto.
A disposição dos componentes numa placa de circuito impresso, que deve ficar em caixa metálica, é mostrada na figura 10.
Todos os cabos de sinal devem ser blindados, com a malha ligada a caixa, de modo que ela sirva de blindagem adicional.
Os jaques de entrada e saída devem ser de acordo com o instrumento, amplificador e cabos usados.
Para a bateria observar a polaridade, e use um conector apropriado.
Os resistores são todos de 1/8 W. Os capacitores Cl, C2 e C3 são
críticos devendo ser usados tipos de poliéster, o leitor poderá fazer experiências com valores menores como 470 nF, para um tremulo mais rápido, e até mesmo 220 nF.
Pode também formar pares 220 nF com 100 nF, obtendo assim um valor intermediário de 320 nF.
Os demais capacitores não são críticos, e os eletrolíticos devem ter tensões de trabalho de 12 ou 16 V. P1 e P2 são comuns e podem ser colocados na própria caixa de efeitos.
Uma opção de funcionamento é o uso de uma chave comutadora acionada por pedal.
PROVA E USO
Para provar, basta intercalar o aparelho entre o instrumento musical e a entrada do amplificador. Ligando S1, vá tocando e ajustando tanto P1 como P2 até obter o efeito desejado.
Se as tremulações estiverem lentas, reduza os valores de Cl, C2 e C3. Verificando o funcionamento é só utilizar.
Semicondutores:
QI, O2 - BC548 - transistores NPN de uso geral
Resistores: (1/8 W, 5%)
R1, R9 - 4,7 k Ω - amarelo, violeta, vermelho
R2- 82 k Ω - cinza, vermelho, laranja
R3, R7 - 120 k Ω - marrom, vermelho, amarelo
R4, R8 - 12 k Ω - marrom, vermelho, laranja
R5 - 10 k Ω - marrom, preto, laranja
R6, R10 - 2,2 k Ω - vermelho, vermelho, vermelho
P¡ - 47 k Ω - potenciômetro
P2 - 100 k Ω - potenciômetro
Capacitores:
C1, C2, C3, - 1 µF - poliéster
C4 - 47 µF x 12 V - eletrolítico
C5, C6 – 22uF x 12 V - eletrolíticos
C7 - 4,7 µF x 12 V - eletrolítico
C8 - 470 nF - poliéster
C9 - 100 µF x 12 V - eletrolítico
Diversos:
J1, J2 - jaques
S1- Interruptor simples
B1 - 9 V bateria
Placa de circuito impresso, caixa de metal, conector de bateria, cabos blindados, botões para os potenciômetros, fios, solda, etc.